Em tempo de
férias, no campo ou na praia, o mosquito costuma incomodar mais. A repulsa que sentimos
pelos mosquitos não é uma atitude dos tempos modernos. Tão incómodo e
invulnerável foi sempre o temível insecto, que já na Antiguidade lhe era
reconhecido um lugar de destaque na obra da criação. De acordo com João
Rodrigues Chaves — um autor do século XVIII —, o grande naturalista Plínio o
Velho (23-79)
escolheo, para representar a grandeza da natureza,
a parvidade de hum mosquito; porque observamos, que mais nos incommoda a sua
pequenhez, e a de outras sevandijas , que a ferocidade dos leoens, e tigres.
Dos insultos destes se livraõ os homens retirando-se, e ainda procurando-os nas
suas cavernas com os meyos considerados, e executados, evitando o damno com a
agilidade, e com a industria: dos daquelle se naõ izenta o mais recondito
gabinete; porque ahi com a sua turculenta vôz, e mayor que a sua proporçaõ, e
com a espada feita da sua lança, sempre insaciavel de sangue, e singularmente
humano, nos intima a guerra, cantando comummente a victoria.
É difícil
encontrar uma descrição mais realista do insecto que zumbe e ferra no mais
precavido dos humanos! Mosquitos se poderiam chamar alguns políticos que ferram
constantemente, embora o façam apenas nos mais vulneráveis e fracos. A
degenerescência já passou por eles e só podem representar a “pequenez” da
natureza humana! ...
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