Tuesday, August 19, 2014

O Mosquito

Em tempo de férias, no campo ou na praia, o mosquito costuma incomodar mais. A repulsa que sentimos pelos mosquitos não é uma atitude dos tempos modernos. Tão incómodo e invulnerável foi sempre o temível insecto, que já na Antiguidade lhe era reconhecido um lugar de destaque na obra da criação. De acordo com João Rodrigues Chaves — um autor do século XVIII —, o grande naturalista Plínio o Velho (23-79)
escolheo, para representar a grandeza da natureza, a parvidade de hum mosquito; porque observamos, que mais nos incommoda a sua pequenhez, e a de outras sevandijas , que a ferocidade dos leoens, e tigres. Dos insultos destes se livraõ os homens retirando-se, e ainda procurando-os nas suas cavernas com os meyos considerados, e executados, evitando o damno com a agilidade, e com a industria: dos daquelle se naõ izenta o mais recondito gabinete; porque ahi com a sua turculenta vôz, e mayor que a sua proporçaõ, e com a espada feita da sua lança, sempre insaciavel de sangue, e singularmente humano, nos intima a guerra, cantando comummente a victoria.
É difícil encontrar uma descrição mais realista do insecto que zumbe e ferra no mais precavido dos humanos! Mosquitos se poderiam chamar alguns políticos que ferram constantemente, embora o façam apenas nos mais vulneráveis e fracos. A degenerescência já passou por eles e só podem representar a “pequenez” da natureza humana! ...

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