São bem conhecidas as desordens causadas pelos estudantes de Coimbra ao longo dos tempos contra os “futricas” e durante as manifestações políticas na época da fermentação e da implementação das ideias republicanas.
Também no Porto e particularmente na Academia Politécnica ocorreram, de vez em quando, desacatos que eram relatados pelos jornais portuenses. O carnaval de 1897 foi particularmente quente, pois durante vários dias os estudantes incomodaram a população da cidade com brincadeiras carnavalescas inapropriadas, tendo havido mesmo a intervenção da polícia, de que resultaram cabeças partidas, de ambos os lados.
No dia 24 de Fevereiro, o Prof. Gomes Teixeira, director da Academia Politécnica solicitou a presença da polícia em frente da Academia para que os estudantes que faziam algazarras e quebravam vidros, fossem impedidos de perturbar o funcionamento das aulas. Desconhecendo o pedido, os estudantes manifestaram-se contra a presença policial, provocaram os agentes, os quais reagiram, invadindo a escola e batendo a torto e a direito. No rescaldo da confusão, foi encerrada a Academia, pedida a demissão de Gomes Teixeira e exigido o castigo dos polícias invasores, particularmente dos que tinham usado pistolas…Realizado um inquérito e lidas as conclusões, o Governador Civil mandou arquivar o processo, no dia 6 de Março!... Gomes Teixeira deixou, voluntariamente, o cargo de director sendo substituído pelo conde de Campo Belo. Alguns anos passados, em 15 de Março de 1900, os lentes da Academia ofereceram, no Palácio de Cristal, um grande banquete de homenagem “ao sábio matemático, dr. Gomes Teixeira”. Em Agosto, o famoso matemático foi convidado pelo governo a reassumir as suas funções.
Nos primeiros anos do século XX eram frequentes os desentendimentos entre os estudantes da academia portuense e a polícia, por causa das festividades do carnaval, das festas dos caloiros, ou das manifestações de protesto político que os estudantes promoviam, com frequência, e que, muitas vezes, atraíam até o apoio popular. Estas lutas levavam por vezes ao encerramentos dos edifícios escolares da Politécnica ou do Instituto. Os protestos contra a concessão do monopólio dos tabacos, em Maio de 1905, conhecidos como “a campanha do charuto”, causaram uma grande perturbação na cidade do Porto. Houve jornais que foram encerrados e houve protestos estudantis que se estenderam à Politécnica, ao Instituto Industrial e Comercial, Liceu, Escola Normal, Escola de Belas Artes e Escola Infante D. Henrique e também à população. A invasão policial da Politécnica ─ a que não escapou uma aula de química em pleno funcionamento ─ criou um novo incidente entre Academia, Director da Politécnica, Polícia e Governo Civil. As manifestações contra o “contrato do tabaco” continuaram na Academia portuense em 19 de Fevereiro de 1906, sendo presos alguns estudantes do Instituto e da Escola Elementar de Comércio.
Apesar das violências contra caloiros, parece que os estudantes actuais são bastante mais pacíficos do que eram os seus bi- e trisovós.
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