Friday, May 4, 2012

A mania dos duelos ou a «duelite» em Portugal

Entre os nobres portugueses, a honra era frequentemente defendida com duelos, uma prática que se foi estendendo a todas as classes sociais e se foi prolongando até ao século XX!...
Já no século XIX, havia quem achasse que era um disparate esta forma de defender a honra. Em 1845, foi prévia e largamente anunciado um duelo entre Camilo Castelo Branco e António de Freitas Barros, que chegaram no dia marcado e ao local aprazado, devidamente preparados para “matar ou morrer”… Vinham honrosamente montados em jumentos mas foram impedidos de realizar o seu “honroso” intento pela polícia que acabou por prendê-los… O objectivo dos dois jovens estudantes não era realizar um duelo a sério, mas apenas ridicularizar a aguda “duelite” que tão vulgar era na época.
Este episódio não esmoreceu, porém, os homens honrados, mesmo aqueles que possuíam uma educação superior e, curiosamente, nem o próprio Camilo que teve um duelo com Ricardo Browne, no qual terá levado uma estocada numa perna!... Em 1904, no Porto, ocorreu um duelo à espada entre o Prof. Dr. Duarte Leite e Ricardo Malheiro e um outro, neste caso à pistola, entre o Dr. Eduardo de Sousa e o Dr. João Lopes Martins. Em 29 de Janeiro de 1909, deu-se um outro duelo à espada, entre o conselheiro Venceslau de Lima, Ministro dos Estrangeiros, e o conselheiro José de Azevedo Castelo Branco, por causa de um artigo que este publicou no «Popular» e que o primeiro considerou ofensivo para a sua honra. Em Outubro de 1909, Manuel Lopes de Ermesinde e Eleutério Alves de Rio Tinto resolveram uma divergência de opinião sobre a legalidade do fuzilamento de Ferrer, num duelo a murro…
Em nenhum destes casos houve mortes, mas em todos eles foi lavada a honra do ofendido! ... 

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