Thursday, April 12, 2012

Os Livros ─ Amigos e Inimigos

Artur de Magalhães Basto escreveu, no Tripeiro (Julho, 1959), um pequeno artigo sobre a «feira» e os livros, referindo-se à feira do livro que se realizava no Porto desde 1931 e que dizia ser uma “invenção de que o Porto se pode vangloriar”.
A certa altura transcreve um interessante texto de Petrarca sobre os livros:

Tenho amigos cuja companhia é deliciosa para mim: os meus livros. São pessoas de todos os países e de todos os séculos, ilustres na guerra, na magistratura e nas letras e que se encontram sempre às minhas ordens. Mando-os vir quando quero; mando-os embora quando me apetece. Nunca estão mal humorados e respondem a todas as minhas perguntas. Uns desenrolam perante mim os acontecimentos dos séculos passados; outros revelam-me os segredos da natureza; estes ensinam-me a viver bem e a bem morrer; aqueles afugentam os aborrecimentos com a sua alegria e divertem-me com a sua graça; há alguns que dispõem a minha alma para todos os sofrimentos, que me ensinam a não ter desejos e que me obrigam a conhecer-me a mim mesmo.
Numa palavra: eles abrem-me as portas de todas as artes e de todas as ciências; encontro-os em todas as minhas necessidades.
Em recompensa de tão grandes serviços, só me pedem um quarto bem fechado num canto da minha choupana, onde estejam ao abrigo dos seus inimigos ─ quero dizer, da humidade e dos ratos.


Passaram-se alguns séculos e os livros ganharam mais alguns inimigos... Magalhães Basto lembra um dos mais importantes: o amigo que nos pede livros emprestados! …

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