Pelos estatutos aprovados pelo governo civil do Porto em 2 de Agosto de 1888 fundava-se no Porto “uma associação scientifica denominada ─ Carlos Ribeiro, cujos membros fundadores foram: Júlio de Matos (1856-1922), Bazílio Teles (1856-1923), António Augusto da Rocha Peixoto (1866-1909), Artur Augusto da Fonseca Cardoso (1865-1912), Alfredo Xavier Pinheiro (1863-1889), João Baptista Barreira (1866-1961), Ricardo Severo da Fonseca Costa (1869-1940). O inspirador desta instituição, foi Carlos Ribeiro (1813-1882).
Segundo Choffat, “Carlos Ribeiro deve ser considerado discípulo de Sharpe … mas o discípulo foi ràpidamente muito além do mestre no conhecimento da geologia portuguesa”. Camilo Castelo Branco escreveu sobre Carlos Ribeiro elogiando o seu valor como geólogo que também discutia antropologia e arqueologia pré- histórica com os grandes sábios mundiais. Mas, como bom romancista, Camilo Castelo Branco fala também da primeira mulher por quem Carlos Ribeiro se apaixonou, quando, já primeiro tenente, seguia o curso da Academia Politécnica do Porto … Carlos Ribeiro viria a casar com uma irmã do lente José Victorino Damazio com que estabelecera uma sólida amizade. Entre actividades militares, estudos geológicos e mineiros, trabalhos de engenharia civil e cargos ministeriais, Carlos Ribeiro atingiu uma elevada reputação. A Associação dos Engenheiros Civis de Portugal, da qual Carlos Ribeiro fora presidente por duas vezes, fez-lhe o elogio histórico vinte e dois anos depois do seu falecimento, uma homenagem merecida ─ segundo o autor do elogio ─ “porque foram os seus maiores méritos os de engenheiro”.
A Sociedade Carlos Ribeiro tinha por “intuito principal o estudo das sciencias naturaes e sociaes, elucidando sobretudo as questões que possam interessar o espirito do paiz”. Para cumprir este objectivo, a Sociedade propunha-se promover “conferencias publicas”, fazer “publicações periodicas ou avulsas”, organizar “museus e exposições em harmonia com os seus recursos financeiros e os meios de trabalho dos seus associados”. A Sociedade estava dividida nas seguintes secções: 1ª secção ─ Geologia e Paleontologia, 2ª secção ─ Zoologia e Botânica, 3ª secção ─ Antropologia e Paleoethnologia, 4ª secção ─ Ethnologia. O seu órgão era a Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes, que começou a publicar-se em 1889 e tinha como directores Ricardo Severo, Rocha Peixoto e Wenceslau de Lima. Nela colaboraram homens ilustres como Adolfo Coelho, Alberto Sampaio, Basílio Teles, Júlio de Matos, Leite de Vasconcelos, Martins Sarmento, Teófilo Braga, entre muitos outros, tanto portugueses como estrangeiros. Em 1889, a biblioteca da Sociedade possuía já 400 volumes.
Nas palavras de Cuz Malpique, a Sociedade Carlos Ribeiro tinha o propósito de “arrancar Portugal da apagada e vil tristeza” com a concretização dos seguintes objectivos promover: (a) publicações em arqueologia, antropologia, etnologia, zoologia, botânica e geologia, (b) a investigação e desenvolvimento de tecnologias para a utilização industrial dos produtos naturais portugueses e (c) estabelecimentos e institutos científicos de todos os géneros. Em 1898, com a dispersão do núcleo fundador, a Sociedade Carlos Ribeiro extinguiu-se e a Revista cessou a sua publicação. Um ano depois Ricardo Severo, Rocha Peixoto e Fonseca Cardoso lançavam uma nova revista a que chamaram Portvgália, que viria a ter uma importância científica e cultural muito maior do que a sua predecessora.
Friday, March 30, 2012
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