O professor António Joaquim Ferreira da Silva (1853-1923) ─ que foi professor de Química na Academia Politécnica e na Faculdade de Ciências do Porto bem como director do Laboratório Municipal de Química do Porto ─ é um dos mais ilustres químicos portugueses de todos os tempos. Como muitos cientistas do seu tempo praticava a religião e a ciência com a mesma devoção e entusiasmo, não encontrando nestas duas práticas qualquer incompatibilidade ─ uma ideia que não era consensual há 100 anos.
Numa alocução intitulada “O ideal religioso e a cultura scientifica” ─ proferida em 8 de Dezembro de 1907 em honra de Nossa Senhora da Conceição na Associação Católica de cuja direcção era presidente, ─ evocava as virtudes da ciência e da religião e declarava as vantagens da sua prática comum.
Sobre a ciência a sua atitude era clara:
As sciencias são hoje em dia, não há que duvidar, a alavanca potente do progresso material, o instrumento indispensável do bem estar, a condição sine qua non para o convívio com as nações civilizadas.
Cultivar as sciencias e divulgar os seus ensinamentos, na ordem theorica e das aplicações, é apercebermo-nos para as luctas económicas, com que todos os paizes carecem de se preocupar para viver. Nada se póde esperar de um povo onde a sciencia não progride; não póde haver confiança de futuro onde a luz da sciencia não brilha, ─ disse-o um grande espírito do nosso paíz, ANDRADE CORVO.
Não menos clara era a sua atitude perante a religião. Depois de dar exemplos de grandes cientistas, como Pasteur, Adolpho Wurtz, Friedel e Luiz Henry, que foram fervorosos católicos, comentava:
A alliança da sciencia e da fé, que alguns reputam chimerica, é, pois, muito pelo contrario, um facto real, porque se realiza em tantos homens de entre os mais intelligentes e illustrados e os mais eminentes na sciencia. […] Não há antagonismo algum entre o espirito religioso e o espirito scientifico, como por vezes se apregoa. Ser crente não é ser sonhador, não é ser visionario ou fanatico, não é acreditar em phantasmas.
Quase no fim da sua palestra enalteceu o valor da religião contra o ateísmo, referindo-se ao caso português:
Para nós, os portuguezes, há, além de tudo o mais, uma tradição que cumpre continuar: o ideal religioso tem resumido na nossa nacionalidade o ideal da Patria, o ideal da Honra e o ideal do Bem, e foi até agora o alliado da cultura scientifica. Pôl-o de parte, equivaleria a abastardar os caracteres nobres da nossa raça.
Não podia faltar no discurso de Ferreira da Silva o clássico exemplo do período histórico que mais nos orgulha:
Foi a alliança da sciencia com a fé que, nos séculos XV e XVI, fez Portugal grande como poucas nações teem sido. Foram uma escola notavel ─ a escola de Sagres ─ à testa da qual estava o INFANTE D. HENRIQUE, e o pensamento religioso que o animava que iniciaram e promoveram esses grandiosos emprehendimentos, de que resultou a descoberta de novos mares e de novos mundos.
E Ferreira da Silva concluía:
Façamos hoje como então, se nos quizermos levantar do abatimento em que jazemos.
A última frase da palestra foi para a virgem homenageada:
VIRGEM SANTISSIMA; BEMDITA ENTRE AS MULHERES; A QUEM TODAS AS GERAÇÕES CHAMARÃO BEMAVENTURADA.
Numa alocução intitulada “O ideal religioso e a cultura scientifica” ─ proferida em 8 de Dezembro de 1907 em honra de Nossa Senhora da Conceição na Associação Católica de cuja direcção era presidente, ─ evocava as virtudes da ciência e da religião e declarava as vantagens da sua prática comum.
Sobre a ciência a sua atitude era clara:
As sciencias são hoje em dia, não há que duvidar, a alavanca potente do progresso material, o instrumento indispensável do bem estar, a condição sine qua non para o convívio com as nações civilizadas.
Cultivar as sciencias e divulgar os seus ensinamentos, na ordem theorica e das aplicações, é apercebermo-nos para as luctas económicas, com que todos os paizes carecem de se preocupar para viver. Nada se póde esperar de um povo onde a sciencia não progride; não póde haver confiança de futuro onde a luz da sciencia não brilha, ─ disse-o um grande espírito do nosso paíz, ANDRADE CORVO.
Não menos clara era a sua atitude perante a religião. Depois de dar exemplos de grandes cientistas, como Pasteur, Adolpho Wurtz, Friedel e Luiz Henry, que foram fervorosos católicos, comentava:
A alliança da sciencia e da fé, que alguns reputam chimerica, é, pois, muito pelo contrario, um facto real, porque se realiza em tantos homens de entre os mais intelligentes e illustrados e os mais eminentes na sciencia. […] Não há antagonismo algum entre o espirito religioso e o espirito scientifico, como por vezes se apregoa. Ser crente não é ser sonhador, não é ser visionario ou fanatico, não é acreditar em phantasmas.
Quase no fim da sua palestra enalteceu o valor da religião contra o ateísmo, referindo-se ao caso português:
Para nós, os portuguezes, há, além de tudo o mais, uma tradição que cumpre continuar: o ideal religioso tem resumido na nossa nacionalidade o ideal da Patria, o ideal da Honra e o ideal do Bem, e foi até agora o alliado da cultura scientifica. Pôl-o de parte, equivaleria a abastardar os caracteres nobres da nossa raça.
Não podia faltar no discurso de Ferreira da Silva o clássico exemplo do período histórico que mais nos orgulha:
Foi a alliança da sciencia com a fé que, nos séculos XV e XVI, fez Portugal grande como poucas nações teem sido. Foram uma escola notavel ─ a escola de Sagres ─ à testa da qual estava o INFANTE D. HENRIQUE, e o pensamento religioso que o animava que iniciaram e promoveram esses grandiosos emprehendimentos, de que resultou a descoberta de novos mares e de novos mundos.
E Ferreira da Silva concluía:
Façamos hoje como então, se nos quizermos levantar do abatimento em que jazemos.
A última frase da palestra foi para a virgem homenageada:
VIRGEM SANTISSIMA; BEMDITA ENTRE AS MULHERES; A QUEM TODAS AS GERAÇÕES CHAMARÃO BEMAVENTURADA.
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