A História da Ciência e da Técnica mostra-nos que as velhas invenções ocuparam, no seu tempo, o topo da pirâmide do progresso tecnológico e despertaram o interesse dos nossos antepassados com a mesma intensidade que em nós despertam as mais recentes inovações. Ela revela-nos ainda a evolução extremamente rápida que tem caracterizado as tecnologias baseadas na Ciência, quando comparadas com as velhas tecnologias de experiência feitas...
É surpreendente verificarmos que a lâmpada eléctrica, a T.S.F (rádio), o cinema, a televisão, o micro-ondas, o computador, o telemóvel, a Internet, o iPod e tudo o mais que está para chegar resultou do esforço inventivo de apenas seis gerações. Não é menos surpreendente constatarmos que qualquer actividade, por mais banal e simples que seja, necessita da utilização de técnicas e ferramentas que não existiam há 150 anos. Sem a cultura que nos é dada pela História da Ciência e da Técnica, temos a tendência para desvalorizar e desprezar as velhas invenções, não lhes dando a mínima atenção tanto factual como histórica.
Para revivermos as emoções despertadas pelas invenções nos nossos antepassados do fim do século XIX nada mais adequado do que lermos a descrição de um famoso banquete “tecnológico” que teve lugar em 1891 no “Franklin Experimental Club” de Newark ─ um clube fundado em 1890 pelo engenheiro electrotécnico William J. Hammer (1858-1934) para ensinar electricidade aos jovens. Este “curioso jantar” foi organizado para comemorar o primeiro aniversário do clube e foi descrito em várias revistas e jornais da época. Eis a que foi publicada em La Science en Famille três anos mais tarde com o sugestivo título “um jantar… com a electricidade”:
A sala do banquete estava iluminada com luz eléctrica, um caminho de ferro miniaturado fazia o serviço de pratos que tinham sido cozinhados com a electricidade. Um autómato representando Benjamin Franklin apresentou fonograficamente votos de boas vindas aos convidados. Durante o jantar, fonógrafos repetiram discursos e trechos de música gravados em Paris, na Exposição Universal de 1889. A electricidade tinha aberto as ostras, cozido os ovos, aquecido o “punch”; no fim do jantar, uma chuva de flores cobriu a mesa. Estas flores, montadas em hastes de ferro, estavam suspensas do tecto por electroímanes; caíram quando o circuito eléctrico foi interrompido. Os convidados abandonaram a mesa ao som de uma marcha tocada ao piano e transmitida telefonicamente.
A História da Ciência e da Técnica ajuda-nos a perceber o impacto que este banquete teve nos nossos tetravós, a sua percepção de que estava a aproximar-se uma nova era de progresso tecnológico, e a provável previsão que teriam feito sobre os autómatos que abrilhantariam um “jantar tecnológico” organizado pelos seus tetranetos …
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