Acaba de ser publicado o 2º volume de Histórias da Luz e das Cores, dedicado ao desenvolvimento científico, técnico e tecnológico do século XIX. Da sua leitura ressalta, claramente, que este século foi uma época dourada para a ciência e, em particular, para a ciência da luz e das cores. Observou-se, por um lado, um extraordinário progresso no conhecimento científico, constatou-se, por outro, a existência de uma saudável cumplicidade entre a ciência e a sociedade. O progresso científico-tecnológico deste período pode avaliar-se pelo elevado número de publicações e patentes. As ligações entre a sociedade e a ciência podem apreciar-se pela quantidade e qualidade de inventos, livros, revistas e artigos de divulgação científica com a marca do século XIX.
A atmosfera científico-tecnológica, que se viveu nesta época, teve amplas consequência culturais, levando ao aparecimento de uma arte e de uma filosofia fortemente influenciadas pela ciência: o naturalismo artístico e literário e o positivismo. A arte naturalista enalteceu a ciência, a filosofia positivista assumiu-a como paradigma do desenvolvimento e do progresso humanos.
No século XIX, quem praticava a ciência entregava-se-lhe com paixão; quem procurava inovar nas tecnologias trabalhava com obsessão; quem desfrutava das actividades dos cientistas e inventores apreciava-as com reconhecimento. Muitos procuraram imortalizar-se através da ciência fazendo-lhe importantes doações financeiras e materiais. Em nenhum outro século se verificou uma tão grande confiança na ciência por parte do cidadão comum, do homem culto ou da classe dirigente.
Uma análise cuidada das Histórias da Luz e das Cores poderia levar-nos a outras importantes conclusões sobre as complexas relações entre a ciência, o indivíduo e a sociedade. Passarei essa tarefa para os leitores mais interessados, pois muitas histórias deste livro foram deliberadamente deixadas num estado analítico, letárgico ou difuso. O leitor poderá assim, através de uma leitura inteligente, fragmentá-las e reconstrui-las de acordo com os seus valores éticos ou culturais. Independentemente da atitude mais ou menos interactiva dos leitores, espera-se que este volume, lhes proporcione, de forma leve e agradável, uma visão realista, embora limitada, da atmosfera científico-tecnológica em que viveram os pais e os avós dos nossos tetravós…
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